sexta-feira, 30 de setembro de 2011

SHOW EM INEMA (ILHEUS-BA) CARAVANA CULTURAL





Show itinerante com Direção de Pawlo Cidade, envolvendo varios artistas de Ilheus Bahia.

Teatro
Dança
Musica - mistura artistica com a participação do Cantador Carlos Silva e artistas Grapiuna que se doam para levar arte, cultura e entretenimento aos distritos de Ilheus.

APRESENTAÇÃO NO "PROJETO INACABADO" EM ALAGOINHAS -ABRIL DE 2011

Fotografias: KALMAX







"AUTOMOBILITIZANDO VERSOS"


















A minha prima ELBA é uma BESTA,não KOMBInava com nada.
Sonhava com FOCUS de luzes NEON de IPANEMA como se esperasse um PRÊMIUM
Seu olhar OFUSCA feito ECLIPSE.
Queria pegar STRADA ir até a ilha de MARAJÓ pescar.

Parecia uma PERUA em dia de VERANEIO, onde se joga bola, fazem GOL, PARATI, para mim.
So assistia a programação da FOX e o seu sorriso causava ECOS.

MERCEDES era diferente, queria conhecer o circuito de MONZA, casar-se com um sobrinho do milionário FERRARI.Gostava de de fazer VOYAGE, pelo mundo.
Mas, KA pra nós, preferia a zona sul que morar em BRASILIA, pois lá, poderia montar um CORCEL BIANCO ou seu MUSTANG vermelho de crinas bem aparadas.

A cicatriz que tinha no rosto, virou EX CORT,devido a cirurgia feita pelo Dr RENAULT, na clinica PEUGEOT na rua MERIVA numero 1113 ao lado da escola de KADETE próximo ao campo de GOLF.

Ela gostava de FIESTA, desfilava exibindo seus AIRBAGS e o seu PORTA MALAS chamava a atenção de todos.

Só reclamava do transito:
VOLKS dum lado,
CHEVROLET do outro
FORD na frente, FORD atrás
FORD na frente FORD atrás ... coisas de cidade grande

"UM CABRA CHAMADO NOEL"














Esse tal Noel, chamado PAPAI NOEL. Pai de quem?

Barba branca, como inocência de criança. Puro alvor de sonhos.
Um ho ho ho, melódico e inconfundível, com o tinir dos sinos anunciando sua vinda, rasgando o céu conduzido por simpaticas renas mansas e felizes, que sem bussola, sabem o exato caminho a percorrer.
O bom velhinho de roupa vermelha, que para mim, representa Estupro de sonhos daqueles menos favorecidos pela vida capitalista imposta.
Pendurados nos morros ou encostas perigosas(de dificil acesso ao tal Noel) remam seus devaneios infantis.
Ouvem la de cima a imbecil e enojante cantiga do jingle bells, sendo entoado por varias vozes com as mãos recheadas de presentes caros.
Pernil, chester,panetones...
Nao. Nada disso temos em nossa humilde morada.
Papai me disse que tem um ovo na geladeira, um Kisuco de morango e um naco de pão dormido.
Mas sei que amanhã, tudo sera diferente,pois quando eu acordar,teremos queijo,atum,presunto,massas,biscoitos,refrigerantes e um montão de brinquedos.
Dai, dividirei com meus amiguinhos tudo que eu vou ganhar no natal.
Amanhã, também teremos uma NOITE FELIZ.
Então, ate amanhã e feliz natal para todos.


Papai Noel, "Seu velho filho de mãe sem pai" esmagador de sonhos dos infelizes sonhadores. Você ouviu as palavras desta criança ilusionada pela tua falsa pregação?
Então, pega agora as cordas que prendem as tuas renas(ou henas) amarra no teu pescoço e se enforca, pois tua alma(antes mesmo de tu ir) ja chegou a tempos nos infernos...

"QUE O PAPAI NOEL SE LASQUE"



















EITA PAPAI NOEL...
TU SÓ ME BOTA EM ESPARRELA
PORQUE QUE TU NÃO VISITA
O MORADOR DA FAVELA?

ESTE TEU SACO DE BRINQUEDO
ME DEIXA INJURIADO
CONFESSO PAPAI NOEL
CONTIGO EU TÔ REVOLTADO

SE TE ENCONTRO NA RUA
NISSO PODE BOTAR FÉ
TE DAREI UMA BOFETADA
E UM GRANDE PONTA-PÉ

ESTE TEU HÔ HÔ HÔ
NÃO ENGANA MAIS NINGUÉM
SE O CAPETA FOI PRO INFERNO
PRÁ LÁ TU IRÁS TAMBÉM

SE LASQUE COM SUAS RENAS
SE QUEIME NA CHAMINÉ
VÁ PROS QUINTOS DOS INFERNOS
BABACA PAPAI "NOÉ"

VOCE SÓ VISITA OS RICOS
DO MUNDO QUASE INTEIRO
MAS NÃO LEMBRA DE VISITAR
O NOSSO POVO BRASILEIRO

MORADORES DE INVASÃO
POR CASTIGO E POR MALICIA
QUE ALEM DE SER EXPULSOS
AINDA APANHAM DA POLICIA

TOMARA QUE SUAS RENAS
MORRAM DE FRIO NO INVERNO
E TE CARREGUE PRÁ LONGE
LÁ PROS QUINTOS DOS INFERNO

VOCE E BUSH SE DÃO BEM
MENTEM UMA BARBARIDADE
ENGANAM OS MAIS PRECISADOS
DESTRUINDO A HUMANIDADE

COM SONHOS E ILUSÕES
PROMESSAS DE CALOTEIRO
PAPAI NOEL, TU E O TAL BUSCH
SERÃO QUEIMADOS PRIMEIRO

VOCES TERÃO QUE PAGAR
TODA MALDADE PRATICADA
OS POBRES,TAMBÉM SÃO GENTE
MAS MENDIGAM UMA MORADA

"COISAS DE CABOCLO"


















Todo caboclo
que é criado no agreste
Também é cabra da peste,
valoroso lutador
Traz no seu peito,
a sua brasilidade
E sem cursar a faculdade,
é um grande professor

Olha pro céu,
sabe quando vai chover
Se começa escurecer
e nuvem muda de cor
Já se prepara,
esperando a trovoada
Vê ás nuvens carregadas
é de tudo sabedor

Eh cabra bom...

Cuida da terra,
com esperança da colheita
E com alma satisfeita,
agradece ao criador
Se lhe perguntam,
o que é felicidade
Responde sem falsidade,
é pouca coisa seu doutor

É ver o campo,
plantado,todo florido
O nosso tanque abastecido,
gado gordo á pastar
É uma choupana,
uma cabocla, á filharada
Bem nutrida e educada,
e amigos prá prosear



É ser honesto,
viver com sinceridade
Não praticar a maldade,
que esse mundo pode dar
É ter saúde,
ter fé em Deus e muito amor
Eu garanto pro senhor,
isso não pode faltar

É ter palavra,
cumprir responsabilidade
Gastar o que de verdade,
ser necessário somente
Prá que depois,
se acontecer fatalidade
Não precisar de caridade,
nem se humilhar pra certa gente

Agradecer,
ao nosso Deus tão querido
Por mais um dia amanhecido,
com o sol a me acordar
É ver os frutos
brotando da minha terra
Esta é a única guerra,
que adoro guerrear

"NORDESTIFICAÇÃO BRASILEIRA"




Vociferei minha descontentação, feito esturro de onça parida no seio da mata, quando se vê ameaçada pelo aventureiro atirador.
Cuspi brasa, feito o papoco do papo amarelo do Capitão Virgulino quando se via encurralado pelos macacos de botas da volante perseguidora.
Mas ele, sempre com habilidade e um sorriso, reunia a cabroeira pra um xaxado improvisado, no oco de algum lugar das caatingas nordestinas, comemorando as baixas e encomendação pro inferno das almas que lhe perseguia.

Mais, calmo “tentando dessipar da mente esses pensamentos” amparei-me na prece de voz suave do capuchinho Frei Damião, que abençoava até, os desabençoados. Como forma de perdão.

Ouvi o canto de Marinês e suas vestes de jagunçante cangaceira animando sua gente. Coisas lá do meu torrão.

Uma trêmula voz soprava aos meus ouvidos me dizendo em lamento:
Setembro passou, Outubro e Novembro, Já tamo em Dezembro meu Deus que á de nois.

Ali se ouvia o sertânico da palavra de um pouco letrado desprovido de canudagem escolar, chamado Patativa do Assaré.

Para completar a sonoridade da cantiga, os versos eram emendados por uma concertina de 120 baixos(botão preto bem juntinho, como nêgo impariado) debulhada pelos ágeis dedos do Homem cara de lua, filho de Dona Santana e do concertador de sanfonas, o velho Januário.

Aquele Homem de voz estridente,primo do vaqueiro Raimundo Jacó, melodiava e harmonisava um hino de um povo “que segundo Euclides da Cunha” É antes de tudo um forte.

Estas palavras, servem para o Beato Antonio Conselheiro, pro fugitivo da seca em 11 dias de pau de arara que desembarcava no Brás, bairro tido como acolhedor dos “chegantes”.
Tais palavras servem também para as ramificações que se esparramaram por toda megalópole cuja essência, alimenta a nordestinidade eterna para a cultura de um pais.

Agora, refletindo na calmaria dessa minha “viagem poética”, ouço o som de uma gaita resfolengando o meu conforto imaginário em viver dizendo para mim e para todos como um bom caminhador que sou: MINHA VIDA É ANDAR POR ESTE PAIS.
Agradecendo a um povo que me inspira, me fortalece, me apruma e tanto me orgulha.
Obrigado meus pais, pela nordestificação que até hoje pulsa no peito deste menino e agora crescido Homem.Obrigado a cada irmão que devido ao Êxodo, nem se quer os conheço de fato, mas sei que cada um, é meu irmão de terra lida e sina buscante por uma vida melhor.


As palavras , que “fogem” do contexto lógico da gramática é o que eu chamo de MISTURAGEM no traçado das Filologias por um simples saudosista e trovador Brasileiro que através deste texto, honra a sua genealogia nordestina

"CAVALEIRO ENCOURAÇADO"





Chapéu de couro, jaleco, gibão,guarda peito e perneira. Taca de couro cru, espora prateada, luva de couro, olhar fixo na caatinga, pra ver pra onde corre o boi.
Laço preparado, mãos aflitas, cavalo arrediu querendo partir, gesticulando a pata como se cavasse o chão na expectativa do sinal para arrancada.

Vento parado, suor no rosto, retrata a quentura deste solo árido e desvisitado de chuva nesta estação.
Eita chão quente, mais se parece com uma fornalha. Mas, ali está a figura forte do vaqueiro encouraçado feito tatu, só de fora decifravel, os olhos atentos aos movimentos.
Parte o boi, caatinga a dentro, calumbi, serra guela, pau de colher,quebra facão, tudo passa na velocidade do vento, galho de candeia se tora, toco de jurema se deita, poeira levanta grito se houve no ôco do mato cercado de tantos misterios, compartilhados pelos personagens principais:O BOI, O CAVALO O CAVALEIRO ENCOURAÇADO, A CORAGEM A DETERMINAÇÃO DA LIDA.
Deu vista boa, pegou o laço, girou no ar,a corda de couro fez um bailado zunindo no vento, o lance aplicado, o alvo atingido o grito de guerra "EIA" ecoa feito estampido de arma possante, estrondando no seco solo da lida.
Pescoço do boi, agora não mais livre, e sim dominado pelas ageis mãos e fortes braços do encouraçado Homem da caatinga.
Domador de feras na lida diária do sertão.
Oficio dos seus antepassados, outros encouraçados herois de sina acatingada pelo viver soberano da fortaleza do ser.

"QUEM DERA"




Quem dera que a saudade
Não viesse visitar
A vida deste caboclo
Que vive a lamentar
A perda da sua amada
Sem rumo pegou estrada
Deixando-me a chorar

Quem dera meu Deus quem dera
Eu nunca mais conhecer
As dores de uma saudade
Que tanto me faz sofrer
No mundo sem esperança
Quero apagar da lembrança
O que me põe pra morrer

Soluça meu peito cansado
Tragado no sentimento
E chora o choro calado
Com meu sofrer em lamento
Mas ai se ela voltasse
E minha casa enfeitase
Neste exato momento

Eu pularia dez cercas
Rasgava arame no peito
Dava um soco no mundo
Matava qualquer sujeito
Que tentasse impedir
De com ela eu repartir
Meu desejo desse jeito

Eu gritaria contente
Levado pela emoção
Abraçaria a cabocla
Cheio de Má intenção
Levantava sua saia
E no meu colchão de paia
Dividiria a paixão

Não escutaria nada
La fora no meu terreiro
Nem que o mundo sacudisse
Esse meu sertão inteiro
De cima eu não sairia
Nem pro trem eu abriria
Antes do grito derradeiro

Depois que a lua viesse
Nosso sertão clarear
E quando o sol despedisse
E ele fosse se deitar
Deste lado do meu chão
Cantaria u'a canção
Pro meu Jesus escutar

Desse jeito agradecia
A volta do meu amor
Junto ao surgir da lua
Nos dando todo esplendor
Eu feliz então faria
Uma nova cantoria
Como faz um trovador

E num verso improvisado
No meu cantar agrestino
Eu seria bem feliz
Me sentiria um menino
Esqueceria saudade
Mataria a vontade
Até sacudir o tino

O Homem apaixonado
Vira bobo perde a bola
Estonteia o juizo
Balança sua cachola
Da sorriso até do vento
Cantando a todo momento
Feito cego em grande esmola

terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Veja a entrevista concedida ao Poeta Edvaldo Rosa, do Sac paixão"

Copie e cole, se quiseres, divulgue aos seus amigos.



http://edvaldorosa.blogspot.com/2011/09/duas-vozes-entrevistas-by-edvaldo-rosa_22.html

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

"SÃO PAULO DE TODOS NÓS"






Quem dera mergulhar em águas imaginárias e, ao emergir, fixar meu olhar no ponto onde tudo começou.
Quem sabe meus pés calcassem então o solo enlameado e virgem de projetos e edificações.
Quem sabe dissesse ao colonizador: “O que estás ajudando a construir hoje tornar-se-á, no futuro, o espaço das grandes concentrações voltadas para o lazer, a informação e a cultura. Enfim, para a vida...
Aqui, onde depositas a pedra fundamental, milhares de passos passarão pisando.
Talvez alheios a tudo que hoje aqui ocorre.
Noutros,, porém – sobretudo aqueles com olhares poéticos,lúdicos e boêmios, repousarão inspirados versos,cantigas,contos e cantorias.
E, mesmo que não verbalizem um agradecimento sonoro que se faça ouvir em toda a plenitude, tenham a certeza de uma coisa: no íntimo de cada ser, desses capazes de enxergar com a ótica poética, haverá ao menos um filete de regozijo e satisfação por estar aqui.
Teus olhos, ó idealizador, obviamente já tragados há muito pelo solo – pois isso dar-se á daqui a mais de quatro centenas e meia de anos – não verão nada disso.
Desde já conforta-te, porém, em saber que tu serás lembrado.
E quando as cortinas do sol abrirem-se no horizonte, e quando vários poetas estiverem reunidos, então saberei que neste dia os calendários do nosso solo paulistano estarão marcando histórica data de 25 de Janeiro.

Teu gesto então será celebrado por aqueles que carregam no coração o amor por esta mãe-metrópole tão receptiva e hospedeira.
Que não faz distinção de raça, cor, credo.
E que a todos se dá, sem nada esperar em troca.
A não ser o gozo pela vida e pela preservação de sua própria história.

"VANGHOGHEANDO"



















NO AMARELAR DOS GIRASOIS, PINCELADAS DE SONHOS.
AMORES REJEITADOS, TEMPERAMENTO ALTERADOS NA BUSCA DO TEU "SER".

TELAS CHEIAS, PENSAMENTOS VAZIOS AFIARAM A NAVALHA MUTILADORA.

EM MEIO A TANTAS, UMA ORELHA A MENOS.

PARISIANDO PASSOS NA CIDADE LUZ, SÓ A ESCURIDÃO TE SEGUIA, E O BRILHO BUSCADO, SO VEIO QUANDO OS TEUS OLHOS NÃO ESTAVAM AQUI PARA VER.

DISCIPULOS DA TUA TRAJETÓRIA TE SEGUIRAM, MAS SOMENTE TU NÃO PUDERA VER. QUE PENA...

OUTROS CAVALETES IMPRESSIONARAM OUTROS EXPRESSIONISTAS E O MODERNISMO RESSUCITA O TEU NOME FAZENDO DE TI UM IMORTAL, COM MAIS DE 870 RAZÕES PARA NUNCA ESQUECE-LO,MEU AMIGO VINCENT.

"ARMAS LETAIS"
















Dedos ágeis, empunham poderes dados por alguém. Dedos ávidos de poder apertam entre si as decisões egoístas semeando o medo aqueles que nada podem fazer para defender-se a não ser orar.
A pior arma, logo ali a sua disposição a poucos centimetros de suas mãos.Poderosa,impiedosa carregada com seus megatons de ignorancia, mirando sempre a cobiça e o bem estar de quem a empunha, achando-se dono de tudo.
Arma letal, contra o menos favorecido que não entende de leis ,nem de parágrafos, nem de caput,incisos e etc...
A arma está ali nas mãos de alguns que não respeitam a vida, e disparam o gatilho rubricando o seu nome num papel condenatório.
Esta arma se mal usada, promove guerras e matanças desnecessárias.Ela é pequena mas cabe no bolso, ou na mão daquele que não sabe amar nem a Deus nem ao seu semelhante.
Mais implacável que as metralhadoras,misseis teleguiados, minas subterrâneas,granadas ou qualquer um outro artefato bélico, é a caneta.

"VENTO"





O vento sopra, arrasta ciscos, pós e poeiras.Que seja ele também forte e varra da vida humana, a tristeza o desamor o pessimismo, a falta de caridade nos corações.
Que o vento leve para bem longe, tudo aquilo que ele possa varrer da nossa mente,corpo,alma e coração as coisas que nos atrapalham na caminhada.

Leve e solto capaz de mudanças inesperadas.Novos rumos, segue em frente retorce coisas para tentar mudar a mente do Homem.
Este preocupado com os status e a abastança dos seus bens, não escuta a voz do vento, e nem permite que a leve brisa da manhã, lhe beije o rosto.

O vento segue ensinando o que deveriamos sempre aprender: NADA AQUI É PARA SEMPRE, POIS DEUS, TEM O TEMPO CERTO PARA CADA COISA NESTE MUNDO E EM NOSSAS VIDAS.

domingo, 25 de setembro de 2011

"CORDEL - CIDADE DE INHAMBUPE"


















Quero pedir ao meu Deus
Inspiração vinda do céu
Pois escrever poesia
Este é o meu papel
Falar um pouco de Inhambupe
Nos meus versos de cordel

Falarei de alguns nomes
Até pedindo licença
Alguns não serão citados
Mas não terá desavença
Abordarei no meu tema
A cidade e sua crença

Inhambupe é uma cidade
Do interior da Bahia
De um povo tão feliz
Que esbanja alegria
È pra lá nobre colega
Que voltarei algum dia

Suas ladeiras enfeitam
A beleza da cidade
Arquitetura diversa
Fazem a modernidade
Contemporâneo e barroco
Na arte de qualidade

O ar puro é o presente
Dado pela natureza
O rio corta a cidade
Aumenta a sua beleza
A agropecuária faz
Sua principal riqueza

Há muitos atrás
Sua maior produção
Era o fumo cultivado
Fonte de arrecadação
Mas o tempo foi passando
Já não plantam isso não

Vamos falar da cidade
Do povo batalhador
Pois foi dali que surgiu
Homem e mulher de valor
Em cada formatura dava
Mais um grande professor

Descreve-los é impossível
Pois são muitos numerosos
Mas cada um contribuiu
Com esforços valorosos
Viva os mestres de Inhambupe
Com abraços respeitosos

O esporte preferido
Futebol e vaquejada
Fazia a maior festança
Era alegria arretada
Isso a todos animava
Velho, moço e molecada.

Por falar em vaquejada
Festa tradicional
Onde o “Major Honorato”
Sem duvida um genial
Dos vaqueiros da cidade
Ele foi o maioral

Quando mais jovem mostrou
Força e determinação
Como se faz a alegria
Em festa de apartação
Diva, também seu filho.
Deu sua colaboração

Deraldo também seguia
Os passos do velho pai
Derrubava boi na faixa
E desse jeito agente vai
Tecendo nossa historia
Que da memória não sai







Banho de cuia, Zé Gruvita.
Outra praia, outra escola.
Valdomiro e Zé Ramos
Cabras do corpo de mola
Esses foram alguns nomes
Dos grandes Homens da bola

Edson Prata meu amigo
Era excelente jogador
Duro, feito baraúna
Teve também seu valor
Registrado na historia
Por Inhambupe seu amor

Existem dezenas de outros
Nomes que fizeram história
Todos eles bem merecem
Lembranças e muita gloria
Citei apenas alguns
Que vieram na memória

Inhambupe tem poeta
Estela Mares é escritora
Lançou um livro, pois ela
Também é uma professora
Escreveu sobre a cidade
Grande historiadora

Fez trabalho de pesquisa
Pois queria ilustrar
A história da cidade
E a muitos informar
Todo o valor da cultura
Que existe nesse lugar

Quem dera que os poetas
Descrevessem mais seu chão
E mostrassem para o mundo
O valor do seu torrão
E soubessem que cada ser
Pela natureza é irmão


Pois eu sei que muita gente
Esquece o berço que nasceu
Esquecem a sua i8nfancia
A cidade onde cresceu
Esses eu tenho certeza
Que há muito, já morreu

Outros até sentem vergonha
Escondem a naturalidade
Desprezam seus conterrâneos
Ignoram a sua cidade
No peito plantaram a dor
Dura e cruel da maldade

A brisa da tarde traz
O cheiro da velha terrinha
E chateado as vezes dizem:
Esta terra não é minha
Que saudades do meu povo
Quanta alegria eu tinha

Daí então ele sente
A vontade de voltar
Morar no que é dos outros,
Sendo que tenho meu lar?
Tenho o campo, tenho o verde
Resolvi, vou retornar

Essa pausa faz sentido
E serve de reflexão
Quando agente tá distante
Do nosso povo e nosso chão
Nos sentimos tão sozinhos
Sem valor, sem expressão

No centro da cidade tem
Uma espécie de abrigo
Onde bacalhau recebia
Um grande numero de amigo
Chamava-se Bataclan
Sair sóbrio era perigo

A expressão “comer água”
É pra quem gosta de cachaça
Seja no brega ou no rio
No posto ou lá na praça
Em qualquer boteco amigo
A danada agente acha

Os cabras eram quase doidos
Gostava de “água dura”
È mais uma expressão
De realidade pura
Tem quem goste mais de cana
Do que de uma rapadura

Peço desculpas pois sei
Que quase sai do tema
Quero falar da cidade
Verdadeira diadema
È pena que eu não seja
Inhambupense da gema

Mas dividi minha infância
Banhando-me lá no rio
Eu morava em Itamira
Nesse tempo juvenil
A saudade traz lembrança
Que o meu coração sentiu

Muitos fizeram história
Retratando com certeza
Mestre Amado, o fotografo
Aprendeu por natureza
Tinha também o Darci
Lembro com muita clareza

Vou abrir mais um parêntese
E alguns nomes hei de citar
Sem querer de forma alguma
Meu verso politizar
É que personalidades
Tenho que homenagear

Senhor Tenório, Branquinho
E também Pedro Olival,
Simone Senhor Leônidas
Oséias, o amigo Durval
Meu carinho e meu respeito
Meu abraço fraternal

Velho Zito Borborema
Faustino e Dadazinho
Seu Alves e Tonho Mole
Jesiel, Agenorzinho
Ciro Rico e Também
Lembro seu irmão Térinho

O Doutor Jaime Píton
Dentista e professor
E o velho doutor Guga
Quanta gente ele ajudou
Pra esse não tinha hora
Era só chamar, já vou.

Esmeraldo e Buri
Neste meu cordel lembrado
Fizeram nesta cidade
Seu esforço laborado
Filhos desta dita terra
Cá viveram no passado

Lembro também, de Zé Milchias.
Com os trocadilhos seus
“SEU ZÉ O SENHOR VENDE A TARDE”?
Quem vende a tarde é Deus
Vendo o jornal A TARDE
Conserte os erros teus

Zéza o bicicleteiro
Lourdes de Mario pintado
O motorista Nadu
Seu Maninho é um bocado
De gente que já se foi
Deixando-nos o seu legado








Quer conhecer a cidade?
Passe me acompanhar
Da ladeira do beré
Eu já posso avistar
Inhambupe me esperando
Alegrando o meu olhar

Nessa ladeira, porém.
Confesso é um perigo
Ali se foi o Buião
Nosso velho e bom amigo
Outros também encontraram
A morte como castigo

Mas vamos mudar de assunto
E seguir em outra prosa
Citando a lagoa seca
Amarela e a Cardosa
A fazenda redenção
Paisagem maravilhosa

Pau ferro e Baixa grande
Muita festa ali eu fiz
Com Zé Sergipe, Juninho.
Folias lá na matriz
Nossa obrigação era
Fazer o povo feliz

Micareta em Inhambupe
É um grande carnaval
A festa é tão animada
Não existe outra igual
Eu fico mais a vontade
Do que lá na capital

A cidade tem história
Tem lazer muita cultura
Vejo o centro de convenções
Fabulosa arquitetura
Tem também o clube ARCI
Festança, alegria pura.

Inhambupe até virou
Assunto na televisão
E foi lá na Tv globo
A reportagem não vi não.
Dizem que apareceu um bicho
Nessa bela região

Eu não posso garantir
Se o que dizem é verdade
Acredito ser folclore
Longe da realidade
Ou quem sabe uma invenção
Para dar publicidade

Homem deixa de conversa
A outro vá enganar
Humano, sei vira bicho
Quando alguém vem enfeitar
A testa do individuo
E um par de chifre botar

Se insistir que é verdade
Vou crê em papai Noel
Saci, mula sem cabeça
Boitatá e o beleléu
Se algum provar que é verdade
Tirarei o meu chapéu

Eu não estou duvidando
Mas não posso acreditar
Em pleno século XXI
Novo milênio, “coisa e tár”
Alimentar essa crendice
È no mínimo regressar

Era do computador
Fibra ótica e algo mais
Internet, e-mails chats
Coisas hoje tão normais
Moda agora dizem Fashion
Expressões tão naturais

Visões tão medievais
Os dizeres nos consomem
Dizem que veio do macaco
O bicho chamado Homem
Eu lhes peço por favor
Mais cuidados vocês tomem

Vou aqui me despedindo
Pois a minha intenção
Foi falar de Inhambupe
Da sua bela região
Aquele povo meu amigo
Trago em meu coração

Esse povo creia merece
Toda consideração
Por conservar alegria
E toda dedicação
Relatei por entre verso
Mergulhei no universo
Dessa bela criação


Cada rua praça avenida
Alcança a bela região
Rebusquei nesses meus versos
Lutas sonhos e ilusão
Os amigos de Inhambupe
Sua historia e tradição

Se pudesse citaria
Ilustrando á memoria
Levantaria os nomes
Valorizando os sobrenomes
Até contar toda historia


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"PRIMAVERA EM ITAMIRA"






Eu, numa tarde primaveril ouvi os insistentes cantos dos pássaros nas arvores do meu quintal, anunciando a nova estação.
Uma de tantas outras que já passaram animando sonhos alinhando amores, tecendo paixões.

Os olhares mudam, os gestos mudam, a paisagem muda revigorando harmonia e sentimentos nos pulsantes corações humanos.
O vento rege a natureza e ela dança num rimado compasso como se obedecendo a batuta do maestro invisível.
Invisível aos nossos olhos que ha muito deixamos de admirar a chegada da primavera.
HOJE, ENVOLTO EM MIM MESMO, ESCUTO O SOPRANTE VENTO ME DIZER: Sorria, a primavera chegou, é a primeira estação que abre o novo ciclo no tempo espaço. O que ha de vir, começa exatamente agora, independente da chegada da nova estação.
É bom saber que a natureza ainda nos beija com seu agrado e nos faz dançar ao bailante sopro do vento que nos envolve e nos da vida.

sábado, 24 de setembro de 2011

CASA DE CULTURA SANTA TEREZA-EMBU DAS ARTES

CANTIGAS NOS PALCOS DA VIDA




CANTIGAS

JORNAL DIARIO DE SÃO PAULO


Show na estação do metrô Sé.

ENTREVISTA AO JORNAL TRIBUNA FEIRENSE

REPORTAGEM NO JORNAL ALTO PIRANHAS EM CAJAZEIRAS PB


Versei na cidade de Cajazeiras na Paraiba - no ano de 2006, onde fiz shows no Teatro Iraclis Pires - Passei por Piancó, Itaporanga e toquei no espaço Leblon(sob a produção de Junior da Folha Vip C ajazeiras)

Com Aloisio Abrantes da DipSom, apresentei-me Em Bernardino Batista- Uirauna, São João do Rio do Peixe e Cachoeira dos Indios.

Breve estarei de volta Cajazeiras , a convite da Folha Vip, onde faremos shows pela região. AGUARDEM.

NOSSO SARAU NO CEPIM - TABOÃO DA SERRA

NOSSO SARAU NO CEPIM - TABOÃO DA SERRA

O PROFISSIONALISMO DE MARCOS PEZÃO É INDISCUTIVEL.

SARAU EM TABOÃO DA SERRA, ORGANIZADO POR MARCOS PEZÃO

"TRABALHO UTILIZANDO A MUSICA EXTRANGEIRISMO DE CARLOS SILVA E SANDRA REGINA"




EXTRAS
Fábio Rogério Petrocheli Carneiro da Unesp/FAAC em seu Projeto de Conclusão de Curso em Desenho Industrial e Programação Visual/2007 desenvolveu um belo trabalho baseado na LETRA da música RETRATANDO de CARLOS SILVA E SANDRA REGINA. O projeto é formado por um vídeo e um texto dissertativo sobre A LÍNGUA PORTUGUESA, GLOBALIZAÇÃO, CULTURA BRASILEIRA E A IMPORTÂNCIA DISSO NAS MARCAS E LOGOTIPOS.

VEJAM ALGUNS TRECHOS DESTE TRABALHO:







Carlos Silva divulga sua arte pelo nordeste Brasileiro, nas cidades dos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia. As rádios de Juazeiro, Petrolina e Cajazeiras executam o seu trabalho divulgando a arte do cantador. Numa reportagem na TV São Francisco (Juazeiro) o músico fala da importância e preservação das margens do Velho Chico. O músico apresentou-se no teatro Iracles Pires em Cajazeiras, PB, mostrando suas cantorias e causos de cordéis. È compositor, cantador e poeta cordelista, e seu trabalho está sendo divulgado pela gravadora Urbanjugle que gravou duas de suas músicas em parceria, que são: OITO PILHA É UM REAL E SAMBA DA DALGIZA na voz do parceiro Zé de Riba. A cultura brasileira é tema de todos os trabalhos do artista e faz uma releitura do Brasil atual através dos seus cordéis. Gravou dois Cds de forma independente: ABRA OS OLHOS e RETRATANDO ( onde está

a música estrangeirismo ) e já prepara o próximo trabalho, com xotes, causos, forrós e muito cordel. Sua arte ainda foi utilizada em várias universidade como: UFCG de Cajazeiras na Paraíba, UNIBAN-SP, UNIP-SP, ANHEMBI MORUMBI-SP e FUNDAÇÃO FLORESTAN FERNANDES JUNIOR, onde suas composições foram teses de mestrado. O próximo trabalho, já está sendo confeccionado (VERSANDO CANTORIAS). Ele também participou do projeto TEIA CULTURAL EM BELO HORIZONTE, representando Taboão da Serra.
UMA{pequena}CONFUSÃO

Inicialmente, devido a um trabalho de tipografia anos antes, a vontade para este projeto era realizar uma animação baseada na música “Construção” de Chico Buarque de Holanda. As idéias já estavam fervilhando e o projeto já estava em andamento quando de repente, sem avisar, um e-mail (mais um estrangeirismo) chega na Caixa de Entrada do computador com um texto que dizia assim: “Vejam o brilhantismo de Zé Ramalho, se superando mais uma vez...” Os admiradores de músicas de pura cultura brasileira, que já se depararam com este e-mail andam entusiasmados com a nova música, chamada “Estrangeirismo”. E qual não foi a surpresa ao descobrir que esta música não era de Zé Ramalho. Após incessantes buscas pela música na discografia do cantor e compositor, percebeu-se que ele realmente não era o dono desta pérola. Pela voz, a música poderia ser atribuída a Tom Zé, mas para bons observadores e fãs, Tom Zé também não era. Depois de uma incansável batalha de e-mails para produções e fãs-clubes, foi descoberto o verdadeiro autor da música, Carlos Silva, que ao ficar sabendo deste projeto fez questão de entrar em contato pela web, opa, mais um “estrangeirismo”.
Admiradores de xotes, causos, forrós e cordel, surpreendam-se com o email:
”Olá Fábio. Meu nome é CARLOS SILVA, sou o compositor junto com Sandra Regina, da música ESTRANGEIRISMO. Você poderá ouvi-la no link: http://bandasdegaragem.com.br/carlossilvacantador. Não sei quem e nem porque, atribuíram a nossa música ao Zé. É legal ser comparado, mas é de certa forma constrangedor, ver a minha obra sendo creditada em nome de outra pessoa. Admiramos o Zé e muito, mas a música é nossa, está registrada, carimbada, perfurada, e etc. e tal (risos).” Um forte abraço. CARLOS SILVA

Carlos Silva é poeta cantador arretado, como ele mesmo gosta de ser chamado, nascido em São Paulo, porém criado no sertão da Bahia. Autor não apenas dessa música, mas de inúmeras outras que, a cada uma que se ouve a vontade de conhecer todas é tão grande quanto tentar saber mais do poeta. Após descobrir que CARLOS SILVA era o verdadeiro autor do conto escolhido para fazer o trabalho sobre estrangeirismo era inevitável ter um contato com ele, tendo assim mais ênfase à defesa e desenvolvimento da idéia.
Portanto, assim como cada vez mais o estrangeirismo fica comum em nosso cotidiano, a confusão ou a não identificação correta do interprete ou cantor de músicas pode acarretar prestigio incorreto, injusto e que não chegam aos autores puramente brasileiros e brilhantes.

"AMIGOS CULTURAIS DAS NOITES PAULISTANAS"


Amigos da noite paulistana, em entrevista ao Jornal Diario de São Paulo. Aqui era discutida a gravação do nosso DVD promovido por:João Augusto Rabetti.

SARAU EM HOMENAGEM A SOLANO TRINDADE(TABOÃO DA SERRA"




PRESENÇA DE MUITOS AMIGOS E POETAS COMO:
ZINHO TRINDADE
VITOR TRINDADE
MANOEL TRINDADE
JOILSON GUESPIRES
EDVALDO ROSA (SAC PAIXÃO)
GUIDIVAL
JIMMI FRANTZECK
NAJARA
LOURDES
EDSON
POETAS DE TABOÃO DA SERRA QUE FAZEM PARTE DOS GRUPOS DE HIP HOP -ATOR E ATRIZES DO CLARIÔ - FUNCIONÁRIOS DA DIVISÃO DE CULTURA DE TABOÃO DA SERRA.

Cobertura doSPTV Rede Globo São Paulo.

"ME SINTO FEITO MENINO, NESSA TERRA ABENÇOADA"











Levantei muito “cedin”
Já me lancei no roçado
De longe avistei o Gado
Pastando na alvorada
Olhei ao redor da estrada
Meus passos me acompanhando
A labuta me guiando
Nesse solo cristalino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

O sol ao longe desponta
A forte luz descortina
“Dissipando” a neblina
Sugando a planta orvalhada
A manhã já acordada
Dando seu Tom, Amarelo
Vejo galho de marmelo
Dançar feito bailarino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Sentindo o cheiro da terra
Perfume que Deus criou
Com santa mão abençoou
Sua obra consagrada
O Homem, criou do nada
Com o poder da sua mão
Por isso uma oração
No despertar matutino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Isso só sente quem vive
Vida bela com certeza
Respeitando a natureza
Numa expressão rimada
Essa visão contemplada
Merece então no momento
Fazer um agradecimento
Desse nobre nordestino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Sem perceber eu caminhei
Uma duas ou três léguas
Confesso não pedi tréguas
Por fazer a caminhada
Minha vida ta amparada
Nas mãos do meu Criador
Com carinho paz e amor
Cuida desse peregrino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Por tempo fui seguido
Sem ao menos perceber
Num gesto de bem querer
Naquela minha jornada
Minha cachorra esplanada
Me seguia de pertinho
Já conhecia o caminho
E com meu amigo canino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Já era final de tarde
Voltei prá minha tapera
Minha “Mulé” me espera
Com preocupação danada
Em jejum,não comeu nada,
Tu queres morrer de fome,
Tá ficando doido “Homi”?
Meu alimento é meu destino
Me sinto feito menino

Nessa terra abençoada
Pude ver minha gamela
Com água limpa e o sabão
Toalha branca de algodão
Cheirosa bem perfumada
Com carinho a minha amada
Já ajeitava meu banho
E esse amor tamanho
É benção Do Deus Divino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Após o banho merecido
Na mesa sentei com ela
Comi galinha a cabidela
E um pouco de buchada
Quase que não sobra nada
Pois estava esfomeado
Ela sorrindo ao meu lado
Com jeito de anjo traquino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Uma cabaça na mesa
Com água pura fresquinha
Uma cuia de farinha
Uma tigela com “Cuaiada”
Uma gostosa salada
Com cebola,salsa e coentro
Eu joguei tudo prá dentro
Prá forrar meu intestino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Um bule de café quente
Torrado,forte e gostoso
Esse momento prazeroso
Agradeço a minha amada
Que com mão abençoada
Faz tudo ficar certinho
Em tudo bota carinho
Fico feliz não me domino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Ela sabe do que gosto
Brava fiel companheira
Mulher de fibra, guerreira
Me ajuda na caminhada
Sem eu não sou nada
Nem sei se existiria
Vejo na Sandra Maria
Tesouro do meu destino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Nossa tapera é bem simples
O colchão é de capim
Fiz prá ela e prá mim
Praquelas horas safada
Onde o mundo é quase nada
Só o amor interessa
Sem medo, não temos pressa
Mas parecemos felino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

O prazer bem dividido
É prá nós a formosura
E toda nossa candura
Por Deus é iluminada
O delírio dessa estrada
É um momento sagrado
Não se vê nenhum pecado
Nesse ato tão Divino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Da gosto de se viver
Nesse tão belo sertão
Não arredo do meu chão
Aqui é minha morada
Levanto de madrugada
O sol é meu companheiro
Me ilumina o dia inteiro
Com seu brilho cristalino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Aqui nasceu Lampião
O cangaceiro destemido
Em meio ao povo sofrido
Não se rendia a nada
Se não fosse a emboscada
Viveria mais um pouco
Viva esse herói louco
O capitão Virgulino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Padim Ciço concedeu
Ao famoso Lampião
Patente de Capitão
Ele seguiu a jornada
Com aquela jagunçada
Vivia fazendo arte
Andando por toda parte
Cumprindo então seu destino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada


Esse cordel é uma homenagem as cidades de Petrolina e Juazeiro, quando da minha primeira visita em 2004.essas foram as pessoas daquela ocasião, que me receberam com carinho.(Depois voltei a morar em Juazeiro em 2006 e ai um punhado de gente boa fui encontrando na caminhada.
Dedicado a Maciel Melo _Marinaldo(Tambão)- Padre Bianchi-Teone Batista-Tigrão-Cacau-Edenevaldo-Ana Celi-Wilson Duarte-Milton Ferreira-Zé Geraldo e a Zé Carlos (ZÉ CAÇOLA) da barca Mikarela.


Nesse solo tem cultura
A arte brota do chão
Moldando o barro na mão
A escultura ta montada
Por todos elogiada
Nesse meu país inteiro
Esse era o jeito Brasileiro
Do artesão Vitalino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Por aqui eu me despeço
Amigo até outro dia
Pois a minha poesia
Aqui então demonstrada
Faz parte da caminhada
Do poeta popular
\Que traz no seu versar
O cantar do repentino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada
Deus abençoe o Brasil
E o povo brasileiro
Gentil e hospitaleiro
Pátria bela invejada
Tropical ensolarada
Pele ao sol se bronzeia
Lindo corpo de sereia
Encanto tão feminino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Agradeço aos colegas
Fazedor de poesia
Maciel Melo é cantoria
Petrolina a arte amada
Versando pela estrada
Segue esse cantador
O CABOCLO SONHADOR
Pois seu canto é um hino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Teone Batista, Tigrão
Padre Bianchi, Marinaldo
Wilson Duarte,Edenevaldo
Aos amigos do Bambuzinho
Recebi muito carinho
Em Petrolina e Juazeiro
Milton Ferreira Guerreiro
Meus versos assim termino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Ana Celi,agradeço
A atenção recebida
Faz parte da nossa vida
Pois a nossa empreitada
É sempre continuada
No sabor da poesia
Convertida em cantoria
O meu tom não desafino
Me sinto feito menino
Nessa terra abençoada

Cada romance é uma vida
A saudade fere e chora
Rogo a Deus nessa hora
Liberdade prá vencer
Ouvir o meu parecer
Sorrindo por ai a fora
Saudade crava no peito
Ilusão de amor de outrora
Leva um susto, as vezes cai
Valente então o Homem vai
Aprendendo a sua história

"O BRASIL, VISTO COM OUTROS OLHOS"










Carlos Silva é o meu nome
Sou poeta cantador
Na viola faço rima
Como ensina o trovador
Sou viajor peregrino
Caminheiro do destino
Sou filho do Criador

Um dia ainda verei
O fim da discriminação
O preconceito racial
Empobrece essa nação
É um grande desatino
Pois também o nordestino
Não escapa disso não

O povo espera comida
Emprego e educação
Mais saúde mais transporte
Boa alimentação
E uma casa prá morar
Em todo e qualquer lugar
Esse povo é cidadão

È o povo quem trabalha
Paga um imposto danado
Passa apertado em condução
Espremido a todo lado
Um diz que é trabalhador
Outro diz que é sofredor
Um pobre desempregado

Seja João “Tonho” ou José
Ou Severino, ou Maria
Vivem como boi no laço
Lutando no dia-a-dia
Cada tropeço é um passo
O preço paga o cansaço
De quem não tem mordomia

O calo dói no sapato
Sopapo sacode o pé
Incha a batata da perna
De andar na Praça da Sé
Sonhando “arrumar” emprego
Fazem até descarrego
E rezam buscando fé

Vejo a torre da Igreja
Ostentando a grande cruz
Ali de braços abertos
Ao brilho do sol reluz
No meu olhar de poeta
Sei que a coisa mais correta
É crê somente em Jesus

Com os erros vão acertando
No peito pulsando a fé
Sofrendo com os que sofrem
No chão da praça da sé
Dos olhos a lágrima cai
Desse jeito agente vai
Andando de marcha á ré

Vejo gente pela rua
Apressada caminhando
Rostos muitas vezes tristes
Passo firme acreditando
Na luta do dia-a-dia
Seja João, seja Maria
Na vida segue sonhando

Nos olhos carrega o brilho
Espalhando a esperança
Mas no aperto até chora
Feito indefesa criança
Vive assim sempre sonhando
Em alguns acreditando
Que vai chegar à mudança

A poucos passos eu vejo
Um quadro de comoção
Um Homem ali pedindo
Estendendo sua mão
Implorando algum trocado
Maltratado e humilhado
Prá poder ganhar o pão

Isso já virou rotina
Por toda essa cidade
O meu povo passa fome
Padece mais crueldade
Virou País da baderna
Quem faz a lei nem governa
Sua própria identidade

O Homem desempregado
Perde até o jeito de andar
Coitado nem se alimenta
Porque não pode gastar
Vêem os outros mastigando
Seus olhos se esbugalhando
Pensa que vai desmaiar

Na vida Nem tudo é belo
Não se vive só de pão
O Homem pé um guerreiro
Valente por vocação
A vida tem muito atalho
Mas se ele não tem trabalho
Pensam logo que é ladrão

O desemprego eu já creio
É a pior violência
Que enfrenta o Cidadão
Na sua sobrevivência
E quando chega o natal
O infeliz passa mal
Falta a fé e paciência

Bom eu sei que só está
O cara bem empregado
Ganhando bom e no mole
Não está endividado
Esse reclama de que,
Se em todo fim de mês vê
Seu “soldo” depositado?

Mudam os vereadores
Deputados e tudo o mais
Governadores, Prefeitos
Dizendo que são leais
Senadores, Presidente
Esnobando nossa gente
Todos eles são iguais

Puxa saco de político
É um tremendo safado
Fala bem do candidato
Visando só o seu lado
Promete, mas sem cumprir
Faz um sonho se nutrir
E engana o obre coitado

Eu até já procurei
Conversar com essa gente
Uma hora, não estavam
Fugiam rapidamente
No elevador privativo
Fugindo sem ter motivo
Rindo da cara da gente

A secretária aprendeu
Um verbo bem popular
Toda vez a procurei
“Não vou poder lhe Ajudar”
Mas não se decepcione
Passe fax, ou telefone
Não posso dar o celular

No próximo ano quem sabe
A gente vai se encontrar
Não venha me dar santinho
Isso eu não vou aceitar
Nem venha me pedir voto
Eu não sou nenhum devoto
Nem aprendi a rezar

Não sei até onde vai
A estrada do futuro
Se o passado é esquecido
O presente é tão escuro
E esse povo continua
Caminhando pela rua
Vivendo em cima do muro

Vem meu povo seja forte
E não se deixe abater
Confie mais no seu Deus
Lute sempre prá vencer
Não espere por ninguém
Que é prá não perder o trem
Na estação do não fazer

Eu não sou de forma alguma
Político ou coisa assim
Só não quero é que o meu povo
Viva de forma ruim
Tem muita gente canalha
Mas tem gente que batalha
Nem tudo chegou ao fim

Não vou generalizar
Nem seguir esses caminhos
Mas o sistema não deixa
Que se melhore aos pouquinhos
Têm muitos que estão lutando
E outros acreditando
Que não estamos sozinhos

Gosto mesmo é de poesia
De linguagem popular
Eu falo é de macaxeira
E dos mistérios do mar
Da terra, da natureza,
Dos pássaros e da beleza
Das coisas do meu lugar

Rouxinol e patativa
Pintassilgo e sabiá
Pássaro preto que encanta
Bem-te-vi que viverá
Fazendo uma grande festa
E embelezando a floresta
Com o Homem longe de lá

O Homem é predador
Destrói só por vaidade
Logo arruma uma gaiola
Leva os bichos prá cidade
Sem conforto e sem carinho
Sem voar sem ter seu ninho
Logo morre de saudade

Madames que vestem peles
Aumentam a extinção
Estão acabando a fauna
Causando destruição
No meu pensamento lógico
Se não fosse o zoológico
Bicho seria ficção

No cordel eu faço rima
Da rima faço canção
Minha mensagem eu levo
Nas cordas do violão
Meu canto é protesto certo
Pras coisas novas desperto
O povo desta nação

Eu uso linguagem dura
Para o povo me escutar
É essa a arma do poeta
Quando tem que protestar
A minha voz ninguém cala
É certeira como bala
Quando tenho que falar

Quero aqui agradecer
Pela honrosa atenção
Em prestigiar meu trabalho
Isso dá satisfação
Espero ter ajudado
A reparar com cuidado
Como é que vive o povão

Eu falei da vida dura
Que enfrenta o bom Brasileiro
Já venderam quase tudo
Pro capital estrangeiro
A ALCA é outra manobra
Espertos temos de sobra
Pra nos por no cativeiro

E por falar nessa ALCAAqui vou me despedindo
Deixando escrito em meus versos
As coisas que estou sentindo
Essa gente é perigosa
Preste atenção nesta prosa
Que em versos vou traduzindo

ALCAlina ALCAide ALCAchofra
Haja ALCA pra conter tanta ambição
Traduzindo numa forma bem mais clara
Eu sou Brasil, sou mais eu
Chega de submissão

Deixe-me quieto por favor suma daqui
Com os meus pés também posso caminhar
Eu não aceito o teu jogo de mentira
E seu ficar na tua mira
Tu irás me derrubar

Já te conheço
Prepotente ordinário
Enganador Autoritário
A mim você não compra não
Esse País agora tem dignidade
Esse meu povo é valente
E ninguém compra o nosso chão



Este trabalho contou com a participação do poeta MOREIRA DE ACOPIARA, a Xilogravura foi feita por KLEVISON VIANA Meus agradecimentos a estes mestres que fazem parte da minha história.

"ENCONTROS NO ALÉM"















Colegas que já se foram
Arrastando nossa saudade
Reviveremos seus sonhos
Levando em verso a verdade
Ocultando nosso choro
Semeando sua vontade

Somos irmãos de arte
Impossível esquecer
Lembranças que essa vida
Valoriza nossa lida
A expressão do dizer

Vou narrar essa editoria
Que se passou lá no além
Foi um belo e bom encontro
Com cantorias do bem
Era reunião de poeta
Cada um com a frase certa
Com o valor que cada um tem

Comecei Imaginando
Como seria a reunião
Quem iria fazer parte
Daquela bela discussão
Pois o céu "tava"estrelado
Veja que não estou errado
Preste bastante atenção

Um sujeito "tava"sentado
Com um chapéu de couro fino
Com apracáta de couro
Punhal longo cristalino
Com olhar pouco singelo
Na mão um papo amarelo
Seu nome era Virgulino




Esse Homem fez história
Quando passou no sertão
Cada tiro que ele dava
Um "macaco"ia pro chão
Foi o preço da memória
Do herói que não viu gloria
Cabra macho Lampião

Ele ali tão pensativo
Calado não se irrita
Olhos nos olhos da amada
De repente ele grita
Eu faria tudo de novo
Quem dera rever meu povo
Com você Maria Bonita

Te aquieta lampião
Nosso tempo já passou
Curisco tá ali pensando
No rumo que a vida tomou
Hoje ao lado de Dadá
"Tamos" do lado de cá
Foi bom enquanto durou

Nesse instante entrou um padre
Chamado Ciço Romão
Milagreiro abençoado
Lá das bandas do sertão
Cumprimentou o casal
Deu um abraço fraternal
Eles lhe beijaram a mão

"Padim Ciço" foi dizendo
Com um pesar no coração
Más com sua vóz suave
Disse para Lampião
Não se apegue ao passado
Esqueça aquele lado
Olhe,chegou outro irmão



Virgulino desconfiado
Más no "Padim" tinha fé
Olhou nos olhos do cabra
Ainda sem saber quem é
Disse:Chegue adiante
E logo nesse instante
Vá dizendo quem tu é

Eu nasci numa cidade
Pequena e bela ela é
No sertão do Ceará
Me criei com garra e fé
Minha poesia Ativa
Eu me chamo patativa
Patativa do Assaré

"Padim Ciço" interveio
Fez uma colocação
Apresentou perguntando:
Vocês se conhecem ou não?
Patativa foi dizendo
Mansamente respondendo
Quem não conhece Lampião

Então meu nobre poeta
Nesse lar celestial
Cá estamos esperando
O julgamento final
Eu que fui um cangaceiro
Abalei o sertão inteiro
Más não fui assim tão mal

Maria Bonita então
Falou para Virgulino
Tá chegando outro cabra
É o capitão Silvino
Trazia outro companheiro
"Padim Ciço"falou primeiro
Esse é o mestre Vitalino



Na terra fui artesão
Do barro fiz a cultura
Da lama seca transformei
Numa bela escultura
Pois a terra tem riqueza
No sertão é mais beleza
Tudo é obra da natura

Sou chama que brota do chão
Fogo que não se apaga
Sou água de rio corrente
Por onde meu verso vaga
Olha só quem tá chegando
Ele já vem ali tocando
É compadre Luiz Gonzaga

Um fole rasgou no ar
Como anunciação
A lua ficou mais clara
Feito luar do sertão
Uma risada gostosa
Ecoou deu vida a prosa
Chegou o velho Gonzagão

O chapéu de couro brilhava
Em meio a escuridão
O jaléco a sanfona
Tava até com o jibão
Ele vinha abraçado
Com outro padre ao seu lado
Querido Frei Damião

Nisso chegou um barbudo
Balançando as madeixas
Olhou o grupo e sentou
Falando sem sentir queixas
Era o velho Raulzito
Já chegou dando o seu Grito
Dizendo:Sou Raul Seixas



É um prazer tê-lo conosco
Sente aqui e não se cale
Da sua vida na terra
Se quiser um pouco fale
Pois agora estão chegando
Escutem, já vem cantando
Gonzaguinha e João do Valle

Raul sempre falador
Porém nunca desordeiro
Falou vamos fazer festa
Sacudir o céu inteiro
Tem xaxado tem baião
Abram logo a roda então
Lá vem Jackson do Pandeiro

Vinha também Carmem Miranda
Logo tudo era festança
Orlando Silva chegava
Parecia uma criança
Altemar Dutra com jeito
Enchia de ar o peito
Resgatando a lembrança

Cazuza e Renato Russo
Entoavam uma canção
Emilinha Borba em Marcha
Lembrava o carnaval então
Ataulfo rimou na brisa
E abraçada a Maysa
Elis cantou fascinação

Antonio Conselheiro então
Com olhares bem sisudos
Olhava prá todo lado
Prestava atenção em tudo
Lembrou porém de repente
O que fizeram com sua gente
Na cidade de Canudos



Más ali não caberia
Espaço para tristeza
Pois a história era viva
Parecia a realeza
Tudo se virou em festa
Ninguém ali se detesta
É a ordem da natureza

Ali agora era paz
Na viagem derradeira
Cada um com sua historia
Ou sua sina traiçoeira
A luta valeu a pena
A lida mesmo pequena
Será lembrada a vida inteira

A roda estava formada
De poeta e cantador
Ali o que menos sabia
Era exímio professor
Xote,xaxado e baião
Polca, valsa e vanerão
Todos sem nenhum rancor

Meus bons amigos eu sei
Isso é história de poeta
Que guarda na sua lembrança
O que a mente desperta
Movido pela saudade
Impulsionado pela vontade
De fazer rima correta

Muitos que já se foram
E merecem nosso respeito
Daqueles que não falei
Creia que não é despeito
Deixaram sua mensagem
Quando fizeram a passagem
Fizeram tudo direito



Tudo passa nessa vida
Menos a recordação
Nem os versos do poeta
Passa pela vida em vão
Pois esse tem alma pura
Enriquecem a cultura
Do nosso belo torrão

Quantos deles cá fizeram
Sua forma de expressão
Liberdade no falar
Com toda dedicação
Quantos poetas passaram
E nessa vida amargaram
Tristeza e ilusão

Vou falar de outros poetas
Que nos deixaram saudade
Ana, Preto Jota, Iran
Com toda boa vontade
Traziam em seu poema
Abordando sempre o tema
Da nossa realidade

Parceiros que a tal mídia
Não quis aqui valorizar
A arte desses guerreiros
Sempre iremos relembrar
Com amor e com saudade
Com grito de liberdade
No nosso jeito de versar.

"EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRABALHO INFANTIL"









Quero aqui agradecer
Ao convite recebido
Pra relatar em cordel
Já me sinto agradecido
Em poder colaborar
Em verso então relatar
Um fator bem conhecido


Peço então por gentileza
Me acompanhem por favor
Carlos Silva é o meu nome
Sou um poeta cantador
Vou contar uma história
E exigir da memória
Sem querer ser professor

O Mundo é uma Escola
De luta e de esperança
De seres abençoados
Com enorme temperança
Mas as vezes me entristeço
Sofro choro e padeço
Com o sofrer d’uma criança

Fora linda a minha infância
Criado lá no interior
Vivendo de fantasia
Ali cercado de amor
Com carinho mamãe cuidava
A molecada estudava
Pra no futuro ter valor

Neste mundo acriançado
Eu cresci sendo feliz
Tomei banho de riacho
Muita coisa boa eu fiz
Tive ótima educação
Preparando-me então
Pra viver no meu País

Maus tratos, não conhecia
Naquele tempo então
Dava gosto ser criança
Sonhando ser cidadão
De honra paz e alegria
O tempo assim prosseguia
Maldade se via não

Mas a minha intenção
Nessa mais recente escrita
È lhes mostrar com clareza
Nem sei se você acredita
Que tem gente explorando
E nossas crianças maltratando
Isso é o que mais me irrita

Fico muito preocupado
Com que vejo constantemente
Pessoas que se aproveitam
Do pequeno e inocente
Em ato descomunal
A exploração sexual
Destruindo o adolescente

Este mundo tem riqueza
Que o Homem nem descobriu
E vem um monte de canalha
Acho foi o cão que pariu
E por ai vão praticando
E segue assim explorando
O Trabalho infantil

Vejam que a pedofilia
Alastrou-se no mundo inteiro
Os preceitos esquecidos
Por um monte de desordeiro
Que maltratam a criança
Destroem sua esperança
Pra poder ganhar dinheiro

Vamos relatar no verso
Toda forma de exploração
Que sofrem nossas crianças
Com tremenda humilhação
Quem pratica esta maldade
Eu afirmo de verdade
È um bicho sem coração

Sejam nos canaviais
No campo e na mineração
Na colheita de sisal
Na extração de carvão
O pequenino trabalha
Um dia se quer não falha
Vivendo na exploração

Malfeitores gananciosos
Usurpadores de vidas
Destruidores de sonhos
Com atitudes descabidas
As crianças estão morrendo
E aos poucos interrompendo
Tendo infâncias esquecidas

Escola pra muitos é sonho
Pois tristes vivem a sonhar
Autoridades lutando
Diz que vai erradicar
Crianças vivem sofrendo
Ainda sonham querendo
Ver este quadro mudar

Ásia África vejam só
Como ainda predomina
O trabalho infantil
É uma triste rotina
Exploração declarada
Também foi impregnada
Na América Latina

Em mil oitocentos e cinco
Um menino deformado
Com apenas quinze anos
Já se via explorado
Quinze horas por dia
Por muito tempo sofria
Que até ficou aleijado (fonte Cecip/Oit – 1995)

Esse fato foi relatado
Numa grande comissão
De Bradford na Inglaterra
Todos prestando atenção
Há muito tempo amigo
Permanece esse castigo
Em forma de escravidão

Alemanha, Bélgica e França
Holanda e Portugal
Isso século dezenove
Se mancaram, afinal
Surgem leis de proteção
Mas a maldita exploração
È uma praga infernal

A raça Humana destrói
O que o Nosso Deus criou
Liberdade é utopia
Sonho que alguém sonhou
A ganância só maltrata
Mutila e quando não mata
Em nada se transformou

Nos mesmos somos culpados
Ficamos em cima do muro
Cegos até que fingimos
Não enxergar no escuro
Mas a justiça não falha
E a criança que trabalha
Compromete o seu futuro (ações da Oit – 1995)

A primeira Lei Brasileira
De proteção Juvenil
Mil oitocentos e noventa e um
Algo mudava no Brasil
Começavam novos planos
E menores de doze anos
Era portanto infantil

Não poderiam trabalhar
Pois ainda eram crianças
Mil novecentos e vinte e sete
Houveram novas mudanças
Quatorze anos foi fixado
Para entrar no mercado
De trabalho e esperanças

Constituição de trinta e quatro,
Trinta e sete e quarenta e seis
Seguiam as mesmas regras
Com seus conjuntos de leis
Então, três constituições,
Abordavam estas questões
Muita coisa então se fez

A de sessenta e sete
Manteve proibição
Da diferença salarial
Mais uma mudança então
Fixaram para doze anos
E não causou maiores danos
Nesses anos todos não

Mil novecentos e oitenta e sete
O Governo federal
Instituía para a nação
Em caráter nacional
O programa Bom Menino
Pra melhorar o destino
Dos menores afinal.

A jornada de trabalho
Fora então reduzida
Pra quatro horas diárias
Melhorou bastante a lida
Sem haver muito empecilho
Com direito a bolsa auxilio,
Foi um avanço de vida

Constituição de oitenta e oito
Foi um avanço geral
Decretos, leis portarias,
Incisos e coisa e tal
Parágrafos, caput e artigos.
Mudaram regimes antigos
Novos tempos afinal.

Falamos até o momento
Em cinco constituições
No âmbito sócio político
Abordando essas questões
Uma coisa é bom dizer,
Há muito o que se fazer
Pra acabar com a exploração

Toda causa tem efeito
Do jeito que agente traça
Somos povos, somos gente
Somos mistura de raça
Alguns em berço de ouro
Outros que não tem tesouro
Dormem nos braços da praça


No farol pedem esmolas
Fazendo malabarismo
Mudam sempre de endereços
Em viadutos fazem turismo
Ali está uma criança
Que já perdeu a esperança
E se lançou no abismo

Por trás dela, infelizmente
Tem algum explorador
Que exigem dos menores
Sem medo e sem pudor
Vivem na impunidade
Espalhando na cidade
Uma onda de horror.

Vitimas deste destino
Ou da tal sociedade
Vão conhecendo mentiras
Maus tratos, deslealdade
Sem forças para sonhar
Logo começam roubar
É a triste realidade

Nos campos escravizados
Por um cruel fazendeiro
Muitos deles nem conhecem
O que quer dizer dinheiro
Se tentar fugir eu morro,
Pensar em pedir socorro
Seria o grito derradeiro

Sete, oito, nove e dez
Ou menos que essa idade
Crianças são judiadas
Sentem o peso da maldade
Da miséria a ela imposta
Sem obter a resposta
Sofrem toda crueldade

Outra exploração se forma
De forma tão (natural)
Crianças são castigadas
Exploração sexual
Nas TVs a cada dia
Cresce a pedofilia
Vi na revista e no jornal

Se é menino sofre muito
Sendo menina, sofre mais
Com treze ou quatorze anos
Mulher logo ela se faz
E em meio ao sofrimento
Surge o primeiro tormento
Que não se esquece jamais

Nas rodovias Brasileiras
Nas cidades ou nos sertões
O quadro é alarmante
Que balançam corações
Crianças estão parindo
Outras se prostituindo
Por falta de soluções

A Unicef a Conanda
Puc, Usp e outras mais
O Eca também contribui
Com atenções especiais
Lutando em prol da criança
Com vontade e esperança
Vencer esta guerra voraz

Quantas coisas ocorreram
Ainda bem que acordaram
Aos poucos nossas crianças
Apoio já encontraram
Pois então vamos mostrar
Ao menos para ilustrar
Fatos que já se passaram.



Titulo: Combate á Exploração
Do Trabalho Infantil

Os textos deste trabalho, tem como tema principal a EXPLORAÇÃO SEXUAL E INFANTIL.
Foi elaborado pelo grupo:FACES DA NOSSA TRUPE TEATRAL, da Casa de Cultura Santa Tereza-Embu das Artes -SP.

A confecção em cordel, ficou aos cuidados do cantador, escritor da literatura de cordéis e compositor CARLOS SILVA.
Paulistano, criado no interior da Bahia na Cidade de Itamíra Município de Aporá, a 160 Km de Salvador.
O mesmo já gravou dois cds de forma independente: ABRA OS OLHOS – Lançado em 2000 e RETRATANDO, lançado em 2003.

A idéia principal deste projeto é uma realização da Casa de Cultura Santa Tereza, sob a coordenação de: Anivaldo e Vanessa.



Fontes de pesquisas:


OIT :Organização Internacional do Trabalho
ABRAPIA: Associação Brasileira de Proteção á Infância e Adolescência
UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância e adolescência.

"EUCLIDES O LIBERTADOR


Zé Rufino era vaqueiro
De um bruto coronel
Um sujeito avarento
Perverso, vil e cruel
Que nem mesmo acreditava
E com desprezo falava
Do Senhor Criador do Céu

Tomava terra dos pobres
Abusava da filha alheia
E se alguém reclamasse
Amarrava e dava peia
Achava-se dono do mundo
Não tinha sangue na veia

Zé Rufino prontamente
Ao patrão obedecia
Executava suas ordens
E tudo pra ele fazia
Chegou até castrar um cara
Só porque olhou pra Clara
Bela feita a luz do dia

Clara sofria por ter
Um pai tão desnorteado
Descrente, feroz desumano
Um cabra amaldiçoado
A bela moça donzela
Dentre muitas a mais bela
Nunca havia namorado

Queixava á sua mãe
Maria da Conceição
Estropiada pelo tempo
Vivendo em lamentação
Sofria tudo calada
Não reclamava de nada
Suportava humilhação

Teve por tanto Maria
Dessa sua união
Quatro filhos sendo que:
Três deles vingaram não
Restando só a moça Clara
Perola linda tão rara
De todo aquele rincão

Dava pena ver a moça
Tão bela e arrumada
Cabelos bem penteados
A todo instante perfumada
Como se esperasse alguém
Sempre dizia: Ele vem
E serei a sua amada

Apareceram pretendentes
Mas dá cancela não passava
O coronel de imediato
Destes logo se livrava
Dava neles boa sova
Faziam cavar sua cova
Ali matando, enterrava

Zé Rufino era disposto
Pau mandado do patrão
Executava o serviço
Sem dó e sem compaixão
Mais de trinta despachado
Por ali mesmo sepultado
Sem velório nem caixão

Era Homem de confiança
Escravizador voraz
Pistoleiro de primeira
Dizia ser o capataz
Que era fiel ao patrão
Medo nenhum tinha não
Mas sim, prazer no que faz

Certo dia Zé Rufino
Pra mostrar habilidade
Com dois revolveres carregados
Resolveu ir pra cidade
Para comprar mantimentos
Com dois pares de jumentos
E sete jagunços de verdade

Entraram todos no boteco
Pipocaram chumbo no teto
Rindo por ser “respeitado”
Achando-se todo correto
Gritou:Eu sou pistoleiro
Sou leal ao fazendeiro
Meu coronel Anacleto

Os freqüentadores calados
Todos pegos de surpresa
Ficaram como estatuas
Com as suas mãos na mesa
E os oito elementos
Atirando até nos ventos
Que sopravam vela acesa

Disseram pro budegueiro:
Ninguém entra e ninguém sai
Se alguém desobedecer
Pro inferno logo vai
Na bala ou na peixeira
No bico da lambedeira
A buchada no chão cai

Feche a porta; ordenou
Tremeu o velho vendeiro
De pronto disse: ta certo
Mas nisso chega um forasteiro
E com o pé não permite
E antes que alguém grite
Ele já disse primeiro:

Boa noite bons amigos
Só quero tomar um trago
Eu venho de muito longe
Há muitos dias que vago
E por favor tenham calma
Só quero “lavar” a alma
E esta rodada eu pago.

Todos de armas em punho
Já iam “coçar” o dedo
Zé Rufino disse Esperem
Vou desvendar o segredo
Quem é você forasteiro
Me diga quem és primeiro
Antes que trema de medo

Por que a deselegância
Se lhes trato com respeito
Sou um cabra respeitador
Medo não mora em meu peito
Sou um Homem educado
Ou achas que é errado
Se me porto deste jeito?

O cabra fala bonito
Guardem as armas companheiros
Vamos lhe dar uma surra
Tratamos bem os “Cavalheiros”
Depois o enforcaremos
Como sempre nós fazemos
Aos malditos forasteiros

Gargalhadas ecoaram
Três já estavam no chão
Estrebuchando, defuntados
Sem tempo pra reação
Mais três foram alvejados
Pros infernos despachados
Sobrando dois na questão

Como um raio, o forasteiro
Só acertava na testa
Seis corpos ali caídos
Dançaram ser ver a festa
Zé Rufino apavorado
Vendo os corpos do seu lado
Além dele, só um resta

Dois revolveres prateados
Vomitaram chumbo quente
Tudo num piscar de olhos
Cinco segundos somente
E o forasteiro disse
A tua maior tolice,
É pensar que tu és gente

Disse pro outro jagunço
Sem perder os dois de mira
Ponha as armas no chão
Se vacilar você vira
Um presunto defumado
Com o cérebro estourado
E eu não sou de mentira

O Cabra achou que teria
A chance de se vingar
Até tentou alveja-lo
Mas uma bala foi encontrar
O meio da sua testa
Neste momento só resta
Zé Rufino se ajoelhar

Onde estão os teus amigos
E atua valentia?
Recebeu um chute na cara
E logo o sangue escorria
Da boca de Zé Rufino
Aquele frio assassino
Os dentes agora perdia

Levou um tiro na mão
Dois dedos lhe arrancou
Teve a orelha decepada
Com forte grito berrou
Ali mesmo foi castrado
Teve um olho vazado
Sem agüentar, desmaiou

O Vendeiro e os fregueses
Como quem aliviados
Agradecendo ao forasteiro
Ainda um tanto atordoados
Com tamanha agilidade
E também a velocidade
Dos disparos acertados

Ele apenas perguntou:
Pode me servir um trago?
Eu estou com muita sede
E devido a esse estrago
Vou repetir o que falei
Quando por aqui cheguei
“Esta rodada eu pago”

Onde fica a fazenda
Do famoso coronel?
Vim lhe fazer uma visita
Me disseram que é cruel
Pois se depender de mim
Sua vida terá o fim
Que teve meu irmão Joel

Foi ele quem mandou castrar
O meu inocente irmão
Só porque um certo dia
Sem a menor intenção
Olhou pra sua filha Clara
Ele morreu, não aguentara
A dor daquela castração

O Budegueiro lhe disse:
Esse que você castrou
Foi quem fez todo o serviço
Que o coronel ordenou
Zé Rufino recobrando
Gemendo no chão, chorando
Ao forasteiro implorou:

Moço peço-lhe perdão
Eu somente obedecia
Pois se não o coronel
Minha vida tiraria
Eu por medo me tornei
E então eu pratiquei
Atos que nunca faria

O forasteiro disse: traga
Três litros de aguardente
Da mais forte que tiver
Misture com álcool quente
Ponha aqui do meu lado
Vou conversar um bocado
Com este cabra valente

O vendeiro assim o fez
Com certa satisfação
Fez o que lhe foi pedido
Sem a menor preocupação
O forasteiro agradeceu
E pelo ferimento escorreu
No local da castração

Zé Rufino urrava alto
E um murro recebia
O álcool quente entrava
Na abertura que havia
E aos poucos penetrando
Dentro do corpo queimando
Que até a alma morria

Em seguida o forasteiro
Um garrafa pegou
Abriu a boca do cabra
E tudo ali despejou
Arrastou ele pra rua
E com simplicidade crua
Fogo no corpo ateou

Ainda se ouviam gritos
Foi o fim de Zé Rufino
Que explodindo por dentro
Teve assim, triste destino
Fogo entrava e saia
A labareda consumia
A vida daquele assassino

Chamem aqui um coveiro
Pra limpar este lugar
Tenho muito por fazer
Não posso me demorar
Me digam a direção
E como faço então
Pra na fazenda chegar

Enquanto isso na fazenda
Dona Maria da Conceição
Mais uma vez apanhava
E era jogada ao chão
Pelos pés era arrastada
Cruelmente judiada
Ainda fazia uma oração:


Santa Virgem me proteja
Me livre deste tormento
Daí-me das mãos do teu Filho
Teu afeto e teu alento
Ampara a minha vida
Minha Santa Mãe querida
Livra-me do sofrimento

Ele batendo lhe dizia:
Esqueça esta tua fé
E esta santa quem é ela,
É dona de um cabaré,
Ou é uma rapariga
Que pegou outra barriga
Sem saber de que pai é?

Mesmo com o sofrimento
Ela sorrindo falou:
Os teus dias de coronel
Um anjo me anunciou
Já estão se esgotando
Vá logo se preparando
Teu inferno já chegou

Nesse exato momento
Já se via um clarão
Com enormes labaredas
Que davam dez metros do chão
Gritou de fora um empregado
É fogo pra todo lado
Venha ligeiro patrão

Mara da Conceição
Sorrindo disse:chegou
Neste momento coronel
Teu desastre começou
È hora de prestar contas
Aos teus irmãozinhos de pontas
Por quem tanto ocê chamou

Gritou raivoso e deu um tapa
Que a mulher desmaiou
Reúnam todos os cabras
Vejam de onde começou
Clara tão apavorada
Chegou e viu desmaiada
No colo a mãe colocou

Vinte e dois Homens ao todo
Juntos com o coronel
Correram apavorados
Pra ver de perto o escarcéu
A terra toda queimando
As chamas se espalhando
Torrando feito papel

Disparos então ouviram
E uma voz se escutou
Maldito coronel Anacleto
A sua hora chegou
Vim libertar este povo
Eu vou repetir de novo:
A escravidão acabou

Isso é uma emboscada
Atirem em que se mexer
Quem é você desgraçado
Apareça pra eu te ver
Calma coronel safado
Estou aqui do seu lado
Chegou teu dia de morrer

Com dois revolveres prateados
Mirados para a cabeça
Ele ouvia a voz dizer:
Quem quer viver desapareça
Pois eu e esse coronel
Temos um acerto fiel
Antes que o dia amanheça

Joguem as armas no chão
Estão livres, vão embora
Acabou a escravidão
Sumam rápido agora
Os cabras se alegraram
Dali logo evaporaram
Dizendo chegou, nossa hora

De repente forte chuva
Aquele fogo apagou
Quem é você afinal
O coronel perguntou
E foi jogado na lama
Feito um porco na cama
Que o destino lameou

Sou apenas um forasteiro
Que veio pra se vingar
E por fim na sua vida
Mas antes de te despachar
Irás sofrer um bocado
Pro inferno serás mandado
Onde agora vais morar

Conheço tuas maldades
Por tudo irás pagar
Hoje findou seu reinado
Ninguém mais vai castigar
Tua mulher e tua filha
Sentirão a maravilha
Pois comigo irão morar

Eu me casarei com Clara
Aqui não vamos ficar
Mas isso será somente
Se ela me aceitar
Eu lhe darei outra vida
De encanto e mais florida
Bem longe deste lugar

Amarrou o Ex-coronel
E lhe ordenou: Levanta
Porco imundo e insano
Filho de jegue com anta
E se tentar se livrar
Minha peixeira vou enfiar
No fundo da tua garganta

Seguiram em direção
A casa grande da fazenda
Entre tapas e empurrões
Que situação horrenda
Anacleto humilhado
Feito um bicho, amarrado
Sem poder fazer contenda

EUCLIDES esse era o nome
Do forasteiro libertador
Já na varanda da casa
Algo lhe causou horror
Pois Maria da Conceição
Vinha em sua direção
Gemendo e sentindo dor

Tava toda arrebentada
Da surra que recebeu
Clara chorando de pena
Os fatos esclareceu
Euclides pediu licença
Pois não faria na presença
O que mandava o ódio seu

Entre raiva e piedade
Clara disse com tristeza
Pai por que tanta maldade
Para que tanta avareza
A mão o fitando falou
O teu final já chegou
Pagarás, tenho certeza

Toda a raiva do Euclides
Triplicava desta vez
Levou o velho pro curral
Veja so o que ele fez
Com uma faca amolada
Calado sem dizer nada
Vazou os olhos do freguês

Cortou as duas orelhas
Decepou-lhe uma mão
Ainda cortou a língua
Castrando o velho então
Num golpe sem piedade
Com extrema habilidade
Lhe espetou no coração

Fez ali uma fogueira
Anacleto agonizava
Como pedindo clemência
Até sua alma sangrava
Consumido pelo fogo
Ali findou o seu jogo
Sua vida se acabava

Dali não saiu de perto
Só quando o fogo acabou
Ele juntando as cinzas
Num frasquinho depositou
E num grito disse: JOEL
Se puder me ouvir do céu
Euclides já te vingou.

Agora eu sei que podes
Em paz, enfim descansar
E com a bela moça Clara
Sei que eu vou me casar
Te juro por este céu
Primeiro filho será Joel
Pra de ti sempre lembrar

Voltando ele encontrou
As duas mulheres abraçadas
De joelhos estavam orando
Como que aliviadas
Ele se aproximou
Dizendo, tudo acabou
Já virou cinzas passadas

Dona Maria Conceição
Escute o que vou dizer
Eu vou cuidar de vocês
E se Clara me aceitar
Jurarei eterno amor
Eu vou cuidar desta flor
Longe daqui vamos casar

Minhas terras são dez vezes
Maior que a de vocês
Vamos embora daqui
Pra esquecer de uma vez
Toda maldade sentida
Toda lembrança sofrida
Que o Anacleto lhes fez

Clara sorrindo lhe disse:
Eu aceito seu pedido
Quero ser tua mulher
E serás o meu marido
Vamo-nos daqui embora
Nesse instante nessa hora
Este lugar será esquecido

Os três ali se abraçaram
E juntos foram embora
Euclides pegou o frasquinho
E resolveu jogar fora
Pois não queria guardar
Pra depois não se lembrar
Da luta em tempos de outrora


Cada gesto nesta vida
Agente estuda com jeito
Recriando em cordel
Lutas de qualquer sujeito
O preço da liberdade
Sufoca a alma da gente

Somos meros seres vivos
Incutindo em nossa mente
Lutas sonhos e alegria
Vitórias no dia-a-dia
Acreditar? Em Deus somente