sábado, 24 de setembro de 2011

"O BRASIL, VISTO COM OUTROS OLHOS"










Carlos Silva é o meu nome
Sou poeta cantador
Na viola faço rima
Como ensina o trovador
Sou viajor peregrino
Caminheiro do destino
Sou filho do Criador

Um dia ainda verei
O fim da discriminação
O preconceito racial
Empobrece essa nação
É um grande desatino
Pois também o nordestino
Não escapa disso não

O povo espera comida
Emprego e educação
Mais saúde mais transporte
Boa alimentação
E uma casa prá morar
Em todo e qualquer lugar
Esse povo é cidadão

È o povo quem trabalha
Paga um imposto danado
Passa apertado em condução
Espremido a todo lado
Um diz que é trabalhador
Outro diz que é sofredor
Um pobre desempregado

Seja João “Tonho” ou José
Ou Severino, ou Maria
Vivem como boi no laço
Lutando no dia-a-dia
Cada tropeço é um passo
O preço paga o cansaço
De quem não tem mordomia

O calo dói no sapato
Sopapo sacode o pé
Incha a batata da perna
De andar na Praça da Sé
Sonhando “arrumar” emprego
Fazem até descarrego
E rezam buscando fé

Vejo a torre da Igreja
Ostentando a grande cruz
Ali de braços abertos
Ao brilho do sol reluz
No meu olhar de poeta
Sei que a coisa mais correta
É crê somente em Jesus

Com os erros vão acertando
No peito pulsando a fé
Sofrendo com os que sofrem
No chão da praça da sé
Dos olhos a lágrima cai
Desse jeito agente vai
Andando de marcha á ré

Vejo gente pela rua
Apressada caminhando
Rostos muitas vezes tristes
Passo firme acreditando
Na luta do dia-a-dia
Seja João, seja Maria
Na vida segue sonhando

Nos olhos carrega o brilho
Espalhando a esperança
Mas no aperto até chora
Feito indefesa criança
Vive assim sempre sonhando
Em alguns acreditando
Que vai chegar à mudança

A poucos passos eu vejo
Um quadro de comoção
Um Homem ali pedindo
Estendendo sua mão
Implorando algum trocado
Maltratado e humilhado
Prá poder ganhar o pão

Isso já virou rotina
Por toda essa cidade
O meu povo passa fome
Padece mais crueldade
Virou País da baderna
Quem faz a lei nem governa
Sua própria identidade

O Homem desempregado
Perde até o jeito de andar
Coitado nem se alimenta
Porque não pode gastar
Vêem os outros mastigando
Seus olhos se esbugalhando
Pensa que vai desmaiar

Na vida Nem tudo é belo
Não se vive só de pão
O Homem pé um guerreiro
Valente por vocação
A vida tem muito atalho
Mas se ele não tem trabalho
Pensam logo que é ladrão

O desemprego eu já creio
É a pior violência
Que enfrenta o Cidadão
Na sua sobrevivência
E quando chega o natal
O infeliz passa mal
Falta a fé e paciência

Bom eu sei que só está
O cara bem empregado
Ganhando bom e no mole
Não está endividado
Esse reclama de que,
Se em todo fim de mês vê
Seu “soldo” depositado?

Mudam os vereadores
Deputados e tudo o mais
Governadores, Prefeitos
Dizendo que são leais
Senadores, Presidente
Esnobando nossa gente
Todos eles são iguais

Puxa saco de político
É um tremendo safado
Fala bem do candidato
Visando só o seu lado
Promete, mas sem cumprir
Faz um sonho se nutrir
E engana o obre coitado

Eu até já procurei
Conversar com essa gente
Uma hora, não estavam
Fugiam rapidamente
No elevador privativo
Fugindo sem ter motivo
Rindo da cara da gente

A secretária aprendeu
Um verbo bem popular
Toda vez a procurei
“Não vou poder lhe Ajudar”
Mas não se decepcione
Passe fax, ou telefone
Não posso dar o celular

No próximo ano quem sabe
A gente vai se encontrar
Não venha me dar santinho
Isso eu não vou aceitar
Nem venha me pedir voto
Eu não sou nenhum devoto
Nem aprendi a rezar

Não sei até onde vai
A estrada do futuro
Se o passado é esquecido
O presente é tão escuro
E esse povo continua
Caminhando pela rua
Vivendo em cima do muro

Vem meu povo seja forte
E não se deixe abater
Confie mais no seu Deus
Lute sempre prá vencer
Não espere por ninguém
Que é prá não perder o trem
Na estação do não fazer

Eu não sou de forma alguma
Político ou coisa assim
Só não quero é que o meu povo
Viva de forma ruim
Tem muita gente canalha
Mas tem gente que batalha
Nem tudo chegou ao fim

Não vou generalizar
Nem seguir esses caminhos
Mas o sistema não deixa
Que se melhore aos pouquinhos
Têm muitos que estão lutando
E outros acreditando
Que não estamos sozinhos

Gosto mesmo é de poesia
De linguagem popular
Eu falo é de macaxeira
E dos mistérios do mar
Da terra, da natureza,
Dos pássaros e da beleza
Das coisas do meu lugar

Rouxinol e patativa
Pintassilgo e sabiá
Pássaro preto que encanta
Bem-te-vi que viverá
Fazendo uma grande festa
E embelezando a floresta
Com o Homem longe de lá

O Homem é predador
Destrói só por vaidade
Logo arruma uma gaiola
Leva os bichos prá cidade
Sem conforto e sem carinho
Sem voar sem ter seu ninho
Logo morre de saudade

Madames que vestem peles
Aumentam a extinção
Estão acabando a fauna
Causando destruição
No meu pensamento lógico
Se não fosse o zoológico
Bicho seria ficção

No cordel eu faço rima
Da rima faço canção
Minha mensagem eu levo
Nas cordas do violão
Meu canto é protesto certo
Pras coisas novas desperto
O povo desta nação

Eu uso linguagem dura
Para o povo me escutar
É essa a arma do poeta
Quando tem que protestar
A minha voz ninguém cala
É certeira como bala
Quando tenho que falar

Quero aqui agradecer
Pela honrosa atenção
Em prestigiar meu trabalho
Isso dá satisfação
Espero ter ajudado
A reparar com cuidado
Como é que vive o povão

Eu falei da vida dura
Que enfrenta o bom Brasileiro
Já venderam quase tudo
Pro capital estrangeiro
A ALCA é outra manobra
Espertos temos de sobra
Pra nos por no cativeiro

E por falar nessa ALCAAqui vou me despedindo
Deixando escrito em meus versos
As coisas que estou sentindo
Essa gente é perigosa
Preste atenção nesta prosa
Que em versos vou traduzindo

ALCAlina ALCAide ALCAchofra
Haja ALCA pra conter tanta ambição
Traduzindo numa forma bem mais clara
Eu sou Brasil, sou mais eu
Chega de submissão

Deixe-me quieto por favor suma daqui
Com os meus pés também posso caminhar
Eu não aceito o teu jogo de mentira
E seu ficar na tua mira
Tu irás me derrubar

Já te conheço
Prepotente ordinário
Enganador Autoritário
A mim você não compra não
Esse País agora tem dignidade
Esse meu povo é valente
E ninguém compra o nosso chão



Este trabalho contou com a participação do poeta MOREIRA DE ACOPIARA, a Xilogravura foi feita por KLEVISON VIANA Meus agradecimentos a estes mestres que fazem parte da minha história.

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