sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"QUEM DERA"




Quem dera que a saudade
Não viesse visitar
A vida deste caboclo
Que vive a lamentar
A perda da sua amada
Sem rumo pegou estrada
Deixando-me a chorar

Quem dera meu Deus quem dera
Eu nunca mais conhecer
As dores de uma saudade
Que tanto me faz sofrer
No mundo sem esperança
Quero apagar da lembrança
O que me põe pra morrer

Soluça meu peito cansado
Tragado no sentimento
E chora o choro calado
Com meu sofrer em lamento
Mas ai se ela voltasse
E minha casa enfeitase
Neste exato momento

Eu pularia dez cercas
Rasgava arame no peito
Dava um soco no mundo
Matava qualquer sujeito
Que tentasse impedir
De com ela eu repartir
Meu desejo desse jeito

Eu gritaria contente
Levado pela emoção
Abraçaria a cabocla
Cheio de Má intenção
Levantava sua saia
E no meu colchão de paia
Dividiria a paixão

Não escutaria nada
La fora no meu terreiro
Nem que o mundo sacudisse
Esse meu sertão inteiro
De cima eu não sairia
Nem pro trem eu abriria
Antes do grito derradeiro

Depois que a lua viesse
Nosso sertão clarear
E quando o sol despedisse
E ele fosse se deitar
Deste lado do meu chão
Cantaria u'a canção
Pro meu Jesus escutar

Desse jeito agradecia
A volta do meu amor
Junto ao surgir da lua
Nos dando todo esplendor
Eu feliz então faria
Uma nova cantoria
Como faz um trovador

E num verso improvisado
No meu cantar agrestino
Eu seria bem feliz
Me sentiria um menino
Esqueceria saudade
Mataria a vontade
Até sacudir o tino

O Homem apaixonado
Vira bobo perde a bola
Estonteia o juizo
Balança sua cachola
Da sorriso até do vento
Cantando a todo momento
Feito cego em grande esmola

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